O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve usar o discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, no próximo mês em Nova York, para defender a soberania brasileira. Tradicionalmente, o Brasil é o primeiro a falar no encontro, seguido pelos Estados Unidos. O governo ainda não detalhou o conteúdo, já que os ataques dos EUA aumentaram, incluindo críticas, sanções a autoridades brasileiras e a pressão para que o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, em prisão domiciliar e prestes a ser julgado pelo STF por tentativa de golpe, seja arquivado. Lula, no entanto, afirma não querer misturar o caso com negociações comerciais, mesmo diante da sobretaxa de 50% aplicada por Donald Trump a parte das exportações brasileiras.
Além das tensões políticas e econômicas, o Planalto considera prioritários no discurso temas globais como a conferência do clima COP30, que será realizada em novembro em Belém (PA), a guerra entre Rússia e Ucrânia e a crise humanitária na Faixa de Gaza. Interlocutores do governo destacam que Lula vem dialogando com líderes mundiais como Xi Jinping, Vladimir Putin e Narendra Modi sobre a importância do multilateralismo e a necessidade de relançar a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC), cujo Órgão de Apelação segue paralisado.
Na semana passada, o Brasil recorreu à OMC contra o tarifaço de Trump, argumentando que as medidas violam normas internacionais de comércio. Apesar da fragilidade do organismo, o presidente brasileiro aposta no apoio de outros países e ainda deve conversar com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e líderes europeus nos próximos dias para reforçar sua posição contra a pressão norte-americana.