A tradicional Festa de Julho de Parnamirim, no Sertão Central de Pernambuco, antes símbolo de fé, cultura e orgulho local, terminaram este ano com um saldo amargo de frustração e constrangimento público. O que deveria ser um momento de celebração popular se transformou em palco de uma briga generalizada envolvendo membros da alta cúpula da gestão municipal — todos com laços familiares com o prefeito Múcio Angelim.
O episódio lamentável ocorreu durante uma das últimas noites do evento, que já vinha sendo criticado pela baixa adesão do público e prejuízo dos comerciantes. Entre os envolvidos na confusão estão o Secretário de Saúde, Iago Angelim (filho do prefeito); o Secretário de Administração, Lucrécio Angelim (irmão do prefeito); o Secretário de Governo, Márcio Barros; o vereador Regi de Dudé; Estênio Angelim (sobrinho do prefeito e filho da secretária de Educação, Taíta); Guilherme (policial militar do Estado do Pará, filho de Lucrécio); e Vinícius Angelim (também sobrinho do prefeito). As imagens da briga circularam rapidamente pelas redes sociais, gerando indignação generalizada.
O fato de praticamente todos os envolvidos pertencerem ao núcleo familiar do prefeito acendeu um alerta entre os moradores, que passaram a questionar a estrutura da gestão municipal, com excesso de concentração de cargos estratégicos nas mãos de parentes, levantando dúvidas sobre o comprometimento com a ética administrativa e o interesse público.
A ausência de medidas imediatas por parte do prefeito após a confusão também vem sendo alvo de críticas. Muitos se perguntam se Múcio Angelim sabia da participação dos seus familiares ou, pior, se teria sido conivente com o ocorrido. Para a população, não basta apenas lamentar o ocorrido — é preciso que haja responsabilização.
A “mudança” prometida em campanha eleitoral dá agora lugar a um sentimento de decepção. A Festa de Julho, que deveria unir a cidade em torno de suas raízes culturais, tornou-se símbolo de desorganização, violência e favorecimento familiar — colocando em xeque não apenas o evento, mas a credibilidade da atual gestão.